Terras Raras
Itaquara - BA
A área do processo de mineração nº 871.535/2023 ocupa 1999,90 ha e está localizada nos municípios de Itaquara e Santa Inês, Bahia, Brasil.

DESTAQUES

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LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
O processo ANM 870.353/2023 está localizado predominantemente no município de Itaquara, com sua porção norte estendendo-se até o município vizinho de Santa Inês, no estado da Bahia. O principal acesso à região ocorre a partir da Rodovia BR-116, uma das mais importantes do país, que liga Salvador ao interior da Bahia e a outros estados.
A partir da BR-116, o acesso é feito pelas rodovias estaduais BA-250 e BA-420, que conectam os municípios de Jaguaquara, Santa Inês e Itaquara, até alcançar estradas vicinais que conduzem diretamente à área de interesse. As vias não pavimentadas que levam até o interior da área encontram-se, em sua maioria, em boas condições de trafegabilidade, permitindo o deslocamento com veículos utilitários convencionais durante boa parte do ano.
A área está situada a cerca de 270 km de Salvador, capital do estado, com acesso viário integralmente asfaltado até os centros urbanos mais próximos. A cidade de Jequié, polo regional com infraestrutura logística e serviços de apoio, encontra-se a aproximadamente 70 km da área de estudo por via rodoviária, sendo o principal centro de referência para hospedagem, abastecimento e suporte técnico-operacional.

ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
CLIMA E VEGETAÇÃO
A região norte do município de Itaquara/BA, na divisa com Santa Inês/BA apresenta clima tropical quente com estação seca bem definida, enquadrado na classificação climática de Köppen como Aw. Este clima é caracterizado por temperaturas elevadas ao longo do ano, com média anual de aproximadamente 23 °C, sendo os meses mais quentes aqueles entre dezembro e março.
As precipitações médias anuais giram em torno de 800 mm, concentradas principalmente no verão, entre novembro e março, enquanto os meses de inverno apresentam volumes significativamente mais reduzidos de chuva, caracterizando claramente um período seco. Quanto à vegetação, a região se encontra majoritariamente no bioma Mata Atlântica, embora tenha sofrido significativo desmatamento e fragmentação ao longo dos anos. A vegetação original é constituída predominantemente por floresta tropical estacional semidecidual, com áreas remanescentes compostas por fragmentos florestais secundários e matas ciliares ao longo dos cursos d’água.
SOLO E HIDROGRAFIA
Os solos que dominam a área são típicos de regiões tropicais sobre rochas cristalinas antigas. Predominam os Latossolos Vermelho-Amarelos distróficos, com menor ocorrência de Argissolos Vermelho-Amarelos distróficos em posições topográficas específicas. De acordo com a Embrapa, Latossolos e Argissolos são solos profundos, altamente intemperizados, de baixa fertilidade natural, geralmente ácidos e com alta saturação de alumínio. Isso condiz com os solos locais, descritos como latossolos distróficos (baixo teor de bases) e até mesmo uma variação álica (extremamente ácida) em certos trechos. São solos bem drenados, desenvolvidos sobre o embasamento geológico Pré-Cambriano (granitos, gnaisses, charnockitos etc.), apresentando textura média a argilosa. Embora quimicamente pobres, esses solos possuem boa profundidade e estrutura, o que os torna aptos à agricultura e pecuária.
A área insere-se no interflúvio de duas importantes bacias hidrográficas: o Vale do Rio Jiquiriçá ao norte/leste e a bacia do Rio das Contas ao sul/oeste. O Rio Santana, mais próximo do processo, é um grande afluente do Rio Jiquiriçá. O Rio Jiquiriçá é o principal curso d’água regional, drenando em direção leste-nordeste; ele percorre um vale longitudinal onde se situam diversas cidades do chamado Vale do Jiquiriçá (Figura 3). Próximo à área do projeto, também ocorrem afluentes como o Rio das Almas, Rio da Casca e Rio Andaraí, entre outros tributários de médio porte. Essas drenagens apresentam regime sazonal, com cheias no verão chuvoso e vazões reduzidas no inverno seco. No setor sudoeste, as vertentes já drenam para o Rio das Contas, que corre para o sul até desaguar no Atlântico próximo a Itacaré.

Figura 1. Mapa de classificação de solos (EMBRAP A,2020) em contexto com a bacia hidrográfica do Rio Jiquiriçá
RELEVO
O relevo da região é bastante movimentado, inserido nas unidades geomorfológicas do centro-sul baiano. Destacam-se as Serras Marginais a leste (contrafortes residuais do planalto costeiro) e o Maciço Central a oeste, intercalados por colinas e tabuleiros pré-litorâneos em direção ao litoral. Entre essas feições, ocorrem patamares elevados como o chamado Planalto dos Geraizinhos e superfícies aplainadas de pediplano nas porções sertanejas interiores.
Em campo, observa-se uma topografia de mares de morros e serras, com vales encaixados de fundo plano (Figura 2). As altitudes variam desde cerca de 200–300 m nas partes mais baixas dos vales fluviais até aproximadamente 700–800 m nos topos das serras locais.

Figura 2. Visada do Setor Sul da Área
GEOLOGIA REGIONAL
A região do processo ANM 870.353/2023 apresenta um contexto geotectônico complexo, caracterizado pela colisão entre os Blocos Jequié e Itabuna-Salvador-Curaçá durante o Paleoproterozoico. Esta interação tectônica resultou em intenso metamorfismo granulítico e desenvolveu uma estratigrafia diversificada dominada por rochas de alto grau metamórfico.
CONTEXTO GEOTECTÔNICO
A área está inserida na porção central do Cráton do São Francisco, conhecida como “Região Granulítica do Sul da Bahia”, onde afloram terrenos arqueanos e paleoproterozoicos pertencentes ao Bloco Jequié. Este bloco constitui um dos principais compartimentos geológicos do Cráton do São Francisco na Bahia e possui características petrológicas e estruturais distintas.
A evolução geotectônica da região é marcada por episódios colisionais significativos. Durante o Paleoproterozoico, entre 2,1 e 1,9 Ga (bilhões de anos), o Bloco Jequié foi superposto pelo Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (BISC) em um evento colisional de grande magnitude. Esta colisão promoveu intenso espessamento crustal, deformação e metamorfismo regional de alto grau, resultando na formação de extensos terrenos granulíticos.
A zona de sutura entre estes dois blocos tectônicos constitui uma feição estrutural de extrema relevância geotectônica. Estudos recentes utilizando dados estruturais e geofísicos têm contribuído para melhorar a delimitação entre estes blocos. (Figura 3 - Mapa de Domínios tectônicos que mostra a atual configuração do Bloco Jequié)

Figura 3. Mapa de Domínios tectônicos que mostra a atual configuração do Bloco Jequié
ESTRATIGRAFIA
O Bloco Jequié é um complexo granulítico ortoderivado com rochas charnockíticas, charnoenderbíticas e enderbíticas. Essas rochas são mesocráticas a leucocráticas, de granulação média a grossa, com bandamento gnáissico bem-marcado e às vezes migmatizadas, além de rochas supracrustais também granulitizadas.
O processo 870.353/2023 está numa região geologicamente registrada como Complexo Jequié, composta pelas unidades litoestratigráficas da base para o topo: (Figura 4)
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A34jsp – Rochas supracrustais constituídas de bandas, enclaves e boudins de granulitos básicos (basaltos e basaltos andesíticos), bandas de granulitos quartzo-feldspáticos, cherts/quartzitos portadores ou não de granada e ortopiroxênio, grafititos, formações ferríferas bandadas e granulitos alumino-magnesianos ou kinzigíticos e rochas máficas-ultramáficas.
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A34jb – Granulitos básicos, verde-escuro a pretos, de granulação fina a média. Ocorrem sob a forma de bandas ou enclaves com espessura centimétricas a métricas. Compostos de plagioclásio, ortopiroxênio, clinopiroxênio, quartzo, minerais opacos e apatita. Ocasionalmente encontra-se hornblenda, biotita e granada.
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A34jch – Unidade Serra do Timorante: Tonalito a granodiorito granulítico, cinza-acastanhado, granulação média a grossa, com porfiroclastos de feldspatos e ocorrência localizada de granada. Foliação penetrativa e contato tectônico com unidades adjacentes.
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A34jed – Unidade Amargosa-Nova Canãa: granito a tonalito granulítico intercalados em bandas centimétricas, coloração cinza-esverdeada a cinza-acastanhada e granulação média a grossa.
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A34jpa – Unidade Poço d`Anta: granodiorito a tonalito granulítico, cinza-esbranquiçado a cinza-esverdeado, granulação média a fina, foliação paralela ao bandamento e feições locais de migmatização. Localmente, intercalados com rochas metamáficas e metaultramáficas.
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A34jq – Unidade Ubaíra, lito fácies quartzito: quartzito branco-acinzentado a amarelo, por vezes, ferruginoso, granulação média a fina, foliado, eventualmente dobrado. Localmente com intercalação de níveis de formação ferrífera.
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A4jch – Unidade Santa Inês-Volta do Rio: granito a granodiorito granulítico, cinza-esbranquiçado a cinza-claro esverdeado, granulação média a grossa, com porfiroclastos de feldspato e aglomerados de minerais máficos, bandado, foliado e por vezes milonitizado. Intercalam-se veios ou faixas deformadas de sienogranito rosado.
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PP23chb – Charnockitos de Brejões: Apresentam-se foliados por vezes bandados, de granulação grossa a muito grossa e de cor cinza- esverdeada a cinza-escura. Constituídos por megacristais de mesopertita e de quartzo imersos numa matriz composta de mesopertita, quartzo, hornblenda, ortopiroxênio, clinopiroxênio e, subordinadamente, microclina pertítica, plagioclásio intersticial e biotita. Os minerais acessórios são opacos, apatita, zircão, mirmequita, sericita, bastita e raros cristais de granada.
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PP3lch - Leucocharnockitos com granada e cordierita são maciços, de granulação média a grossa, por vezes fina e de cor verde acinzentada quando frescos e, quando alterados mostram cor esbranquiçada, ressaltando os cristais idioblásticos de granada. São compostos por mesopertita, quartzo, granada, ortopiroxênio, plagioclásio e/ou plagioclásio antipertítico, biotita, opacos e cordierita. O clinopiroxênio, zircão e monazita são minerais acessórios enquanto a sericita, a moscovita, a bastita, a clorita (alteração dos ortopiroxênios) e a mirmequita, juntamente com hornblenda e biotita, constituem as fases metamórficas retrógradas.
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NQd - Depósitos detrito-lateríticos: depósitos inconsolidados a pouco consolidados, formados por solos residuais de composição arenosa, areno-argilosa, argilo-arenosa e argilo-siltosa, de coloração cinza-amarelado a vermelho-alaranjado. Apresenta níveis de cascalho com seixos de quartzo arredondados. Total ou parcialmente lateritizados com presença de canga laterítica ferruginosa; níveis de concreções lateríticas no contato com o substrato.

Figura 4. Mapa geológico da Folha Amargosa (SGB, 2009) adaptado com atualizações da Folha Jequié (SGB,2020) e Manuel Vitorino (SGB, 2020)
GEOLOGIA ESTRUTURAL
A evolução do Bloco Jequié é caracterizada pelos seguintes eventos geológicos:
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3,4 Ga a 3,2 Ga: formação de uma crosta continental inicial gerada por processos geológicos compatíveis com um modelo em dois estágios, considerados responsáveis pela geração das associações de TTGs;
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3,2 Ga a 2,9 Ga: tectônica distensiva com formação das rochas supracrustais devido à instalação de uma bacia intracratônica formada pela separação do Bloco Gavião a oeste e do Bloco Jequié a leste;
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2,4 Ga: tectônica tangencial de rampas frontais com componentes transcorrentes, colocando o Bloco Jequié sobre o Greenstone belt Contendas Mirante;
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2,0 Ga: pico do metamorfismo regional do Bloco Jequié na fácies granulito.
TRABALHOS REALIZADOS E RESULTADOS OBTIDOS
Conforme o planejamento, os trabalhos realizados foram os demonstrados nos itens que segue esta seção, em ordem cronológica.
LEVANTAMENTOS, ESTUDOS BIBLIOGRÁFICOS E CARTOGRÁFICOS
Antecedendo e durante a execução das atividades de campo, realizou-se o levantamento e a sistematização de informações bibliográficas, cartográficas e geocientíficas, visando a caracterização da geologia regional e local da área objeto da pesquisa.
Foram consultadas ocorrências minerais registradas no Sistema de Informações sobre Recursos Minerais – GeoSGB (CPRM) e na base de dados da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral – CBPM. Também foram utilizadas imagens de satélite de alta resolução (Esri Imagery – Alos 30, repositório ESRI-2025), além das cartas geológicas das folhas Amargosa, Jequié, Jaguaquara e Maracás, todas na escala 1:100.000, elaboradas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2009 e 2020). No campo, foi realizado um reconhecimento geológico em toda a área, visando identificar alvos potencialmente promissores para areia para posterior detalhamento geológico e definição da malha de sondagem.
Adicionalmente, foram analisados mapas topográficos atualizados, provenientes de fonte aberta (OpenStreetMap), e levantamentos geofísicos regionais disponibilizados pela CBPM e pelo SGB, com destaque para dados magnetométricos e gamaespectrométricos.
As informações de natureza geográfica e espacial foram organizadas em um banco de dados georreferenciado, digitalizado e tratado no ambiente do software QGIS (versão 3.40.5 – Bratislava). Essa base integrada permitiu a interpretação geológica preliminar da área, bem como o embasamento técnico para o planejamento das campanhas de campo.
RECONHECIMENTO GEOLÓGICO
Os trabalhos de campo foram realizados em sua maioria pela empresa ARCANGEO – Soluções em Geologia e Meio Ambiente, responsável no momento pelo Diagnóstico de Potencial Mineral (DPM).
Os trabalhos de campo foram realizados em maio de 2024 e consistiram em uma campanha sistemática de reconhecimento geológico visando identificar, descrever e avaliar as principais unidades litológicas presentes na área do processo minerário nº 870.353/2023. A metodologia adotada envolveu caminhamentos com georreferenciamento dos pontos observados, descrição de afloramentos, observações estruturais, coleta de amostras de solo, rocha e concentrados de bateia, e fotointerpretação de imagens orbitais previamente processadas em ambiente SIG. Durante os levantamentos de campo, foram visitados 66 pontos estratégicos distribuídos por toda a poligonal, classificados como pontos de controle, afloramento e amostragem. (Figura 5)

Figura 5. Mapa de pontos visitados, adaptado de ARCANGEO, 2024
As unidades arqueanas do bloco Jequié, granulitos, charnockitos etc., moldam grande parte da área. Tais unidades litológicas ocorrem tanto nas partes serranas como nas porções mais planas da área, sendo frequentemente recobertas por espessas camadas de solo argiloso e sedimentos residuais.

Figura 6. Mapa elaborado do Campo Magnético Anômalo vs. Inclinação do Sinal Analítico, dados originais da CBPM.
Como é possível ver na Figura 6, A aplicação da inclinação do sinal analítico aos dados derivados do CMA é recomendada para mapear estruturas e alvos de exploração mineral, realçando feições não claramente identificadas por métodos sozinhos. Uma das vantagens do método, é que a ISA denota melhor resolução dos limites dos corpos, uma vez que equaliza as amplitudes do CMA. Portanto, tal método realça simultaneamente bem as respostas de corpos posicionados em profundidades distintas. No encaixe das falhas na área, é possível delimitar a falha a SW/NE com CMA negativo, assim com a ISA, isso comprova que esta estrutura regional é de uma escala grande e influencia diretamente na criação de alvos para sondagem.
Durante o reconhecimento geológico, a predominância de solos gradando de silte amarelado a argila intensamente vermelha, sugeriram um bom ambiente para a hospedagem de argilas iônicas (IC). Assim como a presença de magnetita e minerais pesados nas canaletas de fluxo hidráulico, que reforçam a desagregação química e intempérica de minerais dos granulitos e sua remobilização em ambientes de baixa energia.



Figura 7. Minerais magnéticos pesados em canaletas de drenagem em solo raso.
As rochas encontradas próximas a área, Figura 8, apresentam coloração variando entre verde-escuro e amarelado, predominando os tipos melanocráticos, coesos, com mineralogia composta por quartzo, plagioclásio, biotita, piroxênio, magnetita e minerais opacos para o granulito/leucocharnockito. A presença de granada foi pontualmente observada, principalmente em protólitos de origem paraderivada.


Figura 8. Indicativos macroscópicos de óxidos de ferro e manganês.
Texturalmente, estas rochas se mostram predominantemente isotrópicas, com foliação pouco expressiva e fraca orientação estrutural regional com direção N50/70. O piroxênio hiperstênio, verde escuro, opacos e hornblenda alcalina são os minerais característicos do charnockito clássico do bloco Jequié. Desta forma, apesar de pouca foliação milonítica, é possível hierarquizar estas rochas em encaixante, granulito/leucocharnockito, charnockito verde escuro mais jovem em fácies metamórfica anfibolito e o contato com sinais de milonitização, comum no contexto geotectônico local. Essas zonas de milonitização, falhas transpressionais, são estruturas chave para a concentração de Elementos Terras Raras, além de outros metais.
LEVANTAMENTO GEOQUÍMICO
O levantamento geoquímico da área do processo ANM 870.353/2023 contou com a aplicação de dois métodos principais de análise laboratorial:
FLUORECÊNCIA DE RAIO-X (XRF72FE)
Este método foi aplicado sobre amostras de rocha (inclusive pó de rocha) e consiste na emissão de raios X que interagem com os átomos presentes na amostra, emitindo sinais característicos de cada elemento. A análise é rápida, não destrutiva e eficiente para elementos maiores, porém possui sensibilidade limitada para elementos traço e leves.
ICP-MS / ICP-OES (ICP95A/IMS95A)
Amostras de solo, concentrados de bateia e sedimentos foram analisadas por ICP, após digestão ácida. Essa técnica permite quantificar elementos em níveis traço com alta precisão pois possui elevada sensibilidade e capacidade multielementar, ideal para elementos de terras raras (ETR). No entanto, o custo é elevado, a técnica destrutiva e dependente de infraestrutura laboratorial.
Laboratório Responsável: As análises foram realizadas pela SGS GEOSOL
Laboratórios Ltda., acreditada com os certificados ISO 9001:2015 e ISO 14001:2015 (números ABS 32982 e ABS 39911), garantindo padrões internacionais de qualidade e gestão ambiental.
Para a criação das imagens em formato raster dos atributos calculados, foi utilizado o software ioGAS 8.20. Sendo exportado o raster dos dados calculados e sua respectiva legenda noformato svg.
MAPA DE ÓXIDOS TOTAIS DE TERRAS RARAS (TREO % e ppm)

Figura 9. Mapa de Óxidos de Terras Raras Totais em porcentagem. Mapa elaborado no software ioGAS 8.20.

Figura 10. Óxidos Totais de Elementos Terras Raras em ppm. Elaborado no software ioGAS 8.20
Os mapa de TREO em porcentagem(Figura 11) e em ppm(Figura 12) indicam que os maiores teores se concentram nas regiões centrais e norte do polígono, principalmente próximos às amostras S3, S4, SD2-C2, SD3-C3 e SD1-C1.
Os valores ultrapassam 1000 ppm em algumas regiões, sugerindo forte potencial mineral. Há correlação clara com estruturas geológicas (falhas e anticlinais).
MAPA DE TÓRIO (Th ppm)

Figura 11. Distribuição dos teores de Tório (Th) em ppm. Elaborado com o software ioGAS 8.2.
O elemento Th (Tório) aparece com valores elevados ao norte da área, indicando possível presença de monazita ou outros minerais portadores de ETR. As amostras S3 e S4 são as mais próximas aos hotspots.
As anomalias de Th estão associadas a grandes depósitos de ETR dentro do bloco Jequié, sendo atualmente chamada de SPVR-Suíte Plutônica Volta do Rio, onde empresas como Equinox Resources, BRE e GMN atuam em vastos projetos de pesquisa mineral.
MAPA DE ÓXIDOS MAGNÉTICOS LEVES (mREO: Nd2O3 + Pr6O11)

Figura 12. Mapa de distribuição de teores totais de Óxidos Magnéticos Leves de Elementos Terras Raras (mREO). Elaborado no software ioGAS 8.2.
Apresenta distribuição similar ao TREO, com valores mais altos no centro do bloco, focando em ETR leves usados em ímãs permanentes. Atualmente o Neodímio (Nd) e o Praseodímio (Pr) são as commodities de maior interesse entre os 17 Elementos Terras Raras, principalmente pelo seu preço e aplicabilidade.
MAPA DE ÓXIDOS PESADOS DE INTERESSE MAGNÉTICO (Dy2O3 + Tb4O7)

Figura 13. Mapa de distribuição de teores totais de Óxidos Pesados de Elementos Terras Raras (HREO), de interesse magnético. Elaborado no software ioGAS 8.2
As anomalias detectadas ao norte e nordeste, especialmente nas amostras S4 e SD3-C3, indicam a presença de Elementos Terras Raras pesados com significativo potencial tecnológico. O Disprósio (Dy) e o Térbio (Tb) são somados para avaliar o potencial tecnológico e econômico de um depósito de terras raras, especialmente no setor de ímãs permanentes.
Depósitos com teores significativos desses dois óxidos são considerados mais valiosos, pois Dy e Tb são muito mais escassos e caros do que Nd e Pr.
MAPA de HREO e LREO (ETR Pesadas e Leves)

Figura 14. Mapa de distribuição de teores de Óxidos Totais e Elementos Terras Raras Leves (LREO). Elaborado no software ioGAS 8.2.
Os Elementos de Terras Raras Leves (LREO) estão distribuídos amplamente no centro da área, indicando um ambiente de concentração diferenciado. Devido à sua maior mobilidade, esses elementos geram depósitos supergênicos em configurações estruturais limitantes, conforme demonstrado pelo mapa. Assim como são mais susceptíveis ao intemperismo.

Figura 15. Mapa de distribuição de teores de Óxidos Totais e Elementos Terras Raras Pesados (HREO). Elaborado no software ioGAS 8.2
Os Elementos de Terras Raras Pesadas (HREO) estão predominantemente concentrados em setores marginais e ao norte, indicando um possível zoneamento na mineralização. Devido ao seu peso molar e suas afinidades geoquímicas, estes elementos são relativamente menos móveis, tendendo a permanecerem próximos de sua área fonte.
CUBAGEM DE ELEMENTOS DE TERRAS RARAS (ETRs)
A cubagem apresentada neste relatório foi conduzida a partir de dados geoquímicos pontuais interpolados por método IDW, convertidos em uma superfície raster e posteriormente analisados por meio de álgebra de mapas no QGIS. A metodologia permite estimar, de forma preliminar, o volume e o conteúdo de ETRs, com base em pressupostos de densidade e espessura representativa. Ressalta-se que os valores obtidos têm caráter indicativo e devem ser validados por campanhas subsequentes de amostragem sistemática e sondagens, conforme diretrizes da Agência Nacional de Mineração (ANM) para fins de classificação e declaração de recursos minerais.
ELEMENTOS DO ALGEBRISMO DE RASTERS E OBJETIVO IMPLÍCITO
Descrever o processo de cubagem (cálculo volumétrico) de Elementos Terras Raras (ETRs), com base em dados geoquímicos pontuais e aplicação de técnicas de interpolação espacial e álgebra de rasters no software QGIS.
BASE DE DADOS
A base de dados utilizada compreende um arquivo CSV contendo pontos amostrais com as seguintes colunas:
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Coordenadas UTM (Easting, Northing)
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Elevação (m)
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TREO_ppm (concentração de óxidos de ETRs em ppm)
PROCESSAMENTO NO QGIS
Interpolação Espacial: IDW com pixel de 10m, campo TREO_ppm.
Recorte com Polígono: uso de "Clip Raster by Mask Layer".
Álgebra de Rasters:
Fórmula aplicada:
Cálculo de Volume: ferramenta Raster Surface Volume
Resultado: 6.905.757.135,61 𝑚3
ESTIMATIVA DE CONTEÚDO DE ETRs
Tonelagem = Volume × ρ = 6.905.757.135,61 × 2,8 = 19.336.119.980kg = 19,34Mt
Conteúdo em ETRs (t) = Tonelagem × Teor médio = 19.336.119.980 × 0,00065 = 12.568,48t
Este capítulo integra o Relatório Final de Pesquisa, conforme exigência da Resolução ANM nº 94/2022 e visa subsidiar a avaliação do potencial mineral da área requerida.


Figura 16. Mapa de Recursos Inferidos. Elaborado no software QGis 3.40.
CONCLUSÕES FINAIS
O Relatório Final de Pesquisa referente ao processo ANM nº 870.353/2023 comprova, com embasamento técnico robusto, a presença significativa de mineralizações de terras raras e minério de ferro nos municípios de Itaquara e Santa Inês (BA), dentro da área requerida.
Os trabalhos executados – desde os levantamentos bibliográficos, geológicos e geoquímicos até as análises laboratoriais e a modelagem por álgebra de rasters – foram conduzidos conforme os parâmetros exigidos pela Agência Nacional de Mineração (Resolução ANM nº 94/2022).
As concentrações detectadas de neodímio (Nd), praseodímio (Pr), disprósio (Dy) e térbio (Tb) — todos com alto valor tecnológico e estratégico — revelam um importante potencial econômico, sobretudo nas porções norte e central da área de estudo. A modelagem geoestatística indicou um volume estimado de 6,9 bilhões de m³, resultando em aproximadamente 12.568 toneladas de ETRs inferidas, consolidando o valor do projeto para fases futuras de sondagem e viabilidade.
Com baixo custo logístico, infraestrutura regional acessível, clima favorável e contexto geológico altamente prospectivo, a área representa uma oportunidade singular para o avanço de projetos minerais voltados à transição energética e tecnologias limpas.
A BRM conclui, assim, que os resultados obtidos não apenas justificam a aprovação da viabilidade do projeto, como também fortalecem o posicionamento estratégico da empresa no mercado nacional e internacional de minerais críticos.

























