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Ouro
Cansanção - BA

A área do processo de mineração nº 870.860/2021 ocupa 49,66 hectares e está localizada no município de Cansanção, Bahia, Brasil.

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Sintonize em nosso podcast exclusivo apresentando o depósito de Ouro em Cansanção, Bahia.

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DADOS GERAIS DO PROCESSO

A poligonal em questão encontra-se no município de Cansanção, Bahia. Tal processo ANM foi concebido ao titular após fase de leilão de áreas em disponibilidade, que neste caso trouxe a possibilidade de arremate da área sob processo original de n° 871.825/2010. 

LOCALIZAÇÃO E LOGÍSTA

A poligonal do processo minerário em foco localiza-se dentro dos limites

municipais de Cansanção, estado da Bahia (Figura 01).

Existem diferentes trajetos para acessar a área partindo da capital Salvador, todavia, devido melhores condições de trânsito rodoviário e uma menor distância somada, será aqui considerado o trajeto pela cidade de Santaluz-BA, que inclui as rodovias asfaltadas da BR-324 e BA-120, de onde se segue para a área por estradas municipais de Santaluz e Cansanção até a poligonal.

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Foto 1. Estradas municipais entre Santaluz e o P. ANM em foco

SUPERFICIÁRIOS

Existem apenas 3 superficiários englobados pela área da poligonal do processo ANM, a distribuição espacial possível de se definir segundo dados atualizados do CAR (Cadastro Ambiental Rural) pode ser observada na Figura 02.

Destaca-se ainda o interesse dos donos das para/com o desenvolvimento dapesquisa mineral e viabilização de um projeto de extração, o que facilitou as pesquisas, assim como o fato de que as áreas do Sr. Jose das Virgens e Sr. “Galego” somam as principais do ponto de vista estratégico, já que são as mais promissoras geologicamente falando e compreendem os principais alvos.

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Fig 2. Mapa de superficiários do P. ANM 870.860/2021 segundo dados obtidos em campo.

ASPECTOS MUNICIPAIS

O município de Cansanção compreende área territorial de 1.351.891 km² (IBGE 2020), apresenta um dos comércios mais fortes da macrorregião do sisal e compreende um dos principais entroncamentos de rodovias da porção centro-norte da Bahia. A população estimada em 2022 era de 37.439 habitantes.

Apesar da inexistência de grandes mineradoras em operação, boa parte do setor leste do município apresenta potencial mineral promissor para ouro e outras substâncias, não é à toa a existência de dezenas de garimpos nessa região. No restante do município predominam as atividades de uso do solo para plantio de sisal e agropecuária em geral.

ASPECTOS LOCAIS

A área do processo ANM N° 870.860/2021 encontra-se próxima do distrito de assentados “Nova Vida”, a aproximadamente 7,5km de distância, apresenta como principal atividade econômica a produção de ouro através de dezenas de garimpos espalhados pelas proximidades. O plantio de sisal e pecuária de subsistência ocorrem como atividades secundárias, mas também presentes.

O distrito de Nova Vida apresenta abastecimento de água tratada e energia para os moradores locais, já as propriedades rurais apresentam em sua maioria apenas a energia, sendo o abastecimento de água por recursos próprios. A infraestrutura local é precária, sem presença de posto de saúde, de escolas ou restaurantes por exemplo, os quais devem ser buscados em outros distritos mais distantes.

Especificamente na poligonal pesquisada, existe apenas o desenvolvimento da pecuária pelos 3 superficiários. Existem garimpos de ouro em operação, entretanto, estes encontram-se fora da poligonal, apesar de próximos.

ASPECTOS FISIOGRÁFÁICOS GERAIS

O clima na área do processo minerário em foco e demais regiões do município de Cansanção são similares. Trata-se do clima tropical subúmido a seco (segundo classificação de Koeppen-Geiger, 1901), com temperatura média acima dos 22°C e pluviosidade maior entre os meses de novembro e abril, coincidindo em maior parte com o verão (Figura 03).

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Fig 3.  Pluviosidade e temperaturas mensais para o município de Araci/Ba

A Figura 03 mostra que, apesar de verões mais chuvosos e inversos mais frios e secos, a pluviosidade média anual do clima da região é baixa, estando abaixo de 750mm/ano no total.

Já o relevo da região da área é resultado de processos de pediplanação sobre terrenos vulcânicos do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, correspondendo a uma superfície erosiva aplainada e marcada por morros e vales pouco profundos, cortados por sistema de drenagens que integra a bacia do Rio Itapicuru (localizado a cerca de 6km ao sul da área).

Os solos que ocorrem na região proximal da poligonal pesquisada têm forte associação com a unidade vulcânica basáltica ali existente, onde predomina um material muito argiloso de coloração vermelho escuro, conhecido popularmente como “massapê”, tecnicamente falando: latossolo vermelho (Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos, EMPBRAPA, 1999).

A macrorregião da área, assim como a própria poligonal, são caracterizadas pela presença da caatinga arbórea fechada intercalada a zonas de pastagens ou ainda plantações de sisal. Na poligonal do processo minerário em questão o uso do solo, cerca de 39% encontra-se como vegetação nativa e 61% como pasto para bovinos.

EVOLUÇÃO GEOTECTÔNICA E GEOLOGIA REGIONAL

A geologia regional que exerce influência na área do processo ANM

870.860/2021 é bem conhecida e caracterizada por diversos autores, de forma resumida, trata-se da compartimentação das unidades que compõem o embasamento cristalino e o GBRI (Greenstone Belt do Rio Itapicuru).

O GBRI trata-se de um conjunto de unidades litoestratigráficas metamorfisadas em baixo grau que serão descritas a seguir. Essas rochas metavulcanossedimentares compõem uma zona de antigas rochas preservadas com alta fertilidade metalogenética, neste caso, geologicamente inseridos sobre os gnaisses-migmatíticos do Complexo Santaluz, no bloco Serrinha, Cráton São Francisco (CSF).

CRÁTON SÃO FRANCISCO (CSF)

O CSF foi desenvolvido num contexto geotectônico da colagem dos blocos

arqueanos no Paleoproterozoico, tal evolução descrita primordialmente por diversos autores em trabalhos como BARBOSA (1990) e BARBOSA & SABATÉ (2003), denotam a importância e complexidade dos eventos geológicos associados à essa estruturação. O CSF também foi considerado por ALMEIDA (1971) como um núcleo continental de embasamento pré-brasiliano, com consolidação a cerca de 2,08 Ga após a convergência continental de quatro segmentos crustais arqueanos (Figura 05).

BARBOSA & SABATÉ (2003) definem os blocos supracitados em: Bloco Jequié, Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, Bloco Gavião e Bloco Serrinha, sendo este último o de maior interesse ao entendimento da geologia regional da área do processo ANM em foco.

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Fig 4.  Mapa geotectônico da colagem dos blocos que consolidaram a formação do CSF. Destaque para a região onde situa-se o processo minerário em foco. Fonte: Modificado de Barbosa e Sabaté, 2012

- BLOCO SERRINHA

 

O Bloco Serrinha se configura como um dos compartimentos tectônicos que compõem o CSF, autores diversos, como Cruz Filho et al. 2005, tratam este bloco como uma mega-estrutura elipsoidal que ocupa uma área de 21000 km² e faz parte do domínio orogênico do leste da Bahia, gerado no evento colisional do CSF que ocorreu entre 2,1 e 2,0 Ga.

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Fig 5.  Mapa geológico regional do Bloco Serrinha com destaque para a área onde situa-se o processo minerário em foco. Fonte: Modificado de Barbosa e Sabaté, 2012.

- GREENSTONE BELT DO RIO ITAPICURÚ (GBRI)

 

O GBRI compreende as principais unidades litoestruturais de influência aos

estudos e pesquisa mineral realizada na área do processo ANM em foco.

Este conjunto de rochas metavulcanossedimentares possui alongamento na direção N-S e abrange uma área superior a 7500 Km² em mais de 10 municípios do estado da Bahia, é interpretado como remanescente de um arco oceânico que colidiu com um continente arqueano em aproximadamente 2130 e 2105 Ma (Oliveira et al., 2010).

Devido ao grande potencial metalogenético existente nas unidades do GBRI, diversos trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos com objetivos científicos e prospectivos, culminando em minerações de grande porte, de ouro em Santaluz e Barrocas e diamante em Nordestina por exemplo. Tal importância se traduz numa bibliografia repleta de informações a respeito da compartimentação litoestratigráfica das rochas do GBRI, que pode ser observada na Figura 06 e resumida em:

  • Unidade Metavulcânica Máfica (UVM): Ocorre por todo o GBRI e é composta por derrames basálticos maciços, com idade U-Pb 2145 Ma (Oliveira et al., 2010) e almofadados intercalados com rochas sedimentares pelíticas e químicas;

  • Unidade Metavulcânica Félsica (UVF): derrames andesíticos a dacíticos com idade U-Pb 2081 Ma (Oliveira et al., 2010) intercalados com pelitos, ritmitos, arenitos, arenitos arcosianos e conglomerados. Encontram-se também rochas piroclásticas representadas por brechas, aglomerados, ignimbritos e tufos;

  • Unidade Metassedimentar Vulcanoclástica (USV): composta por sequências 20 turbidíticas intercaladas com sedimentos químicos e rochas epiclásticas. Por volta de 2110 Ma houve intensa atividade ígnea, com o alojamento na transição greenstone – embasamento de plútons de alto K a ultrapotássicos, geralmente com forma elipsoidal alongada N-S. Dentre estas intrusões destacam-se o sienito Morro do Afonso, tonalito Itareru e granodiorito Fazenda Gavião com idades entre 2105 Ma e 2110 Ma (Costa et al. 2011).

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Fig 6.  Mapa geológico regional do Terreno Granito-Greesntone do GBRI. Destaque para a área onde situa-se o processo minerário em foco. Fonte: Modificado de Barbosa e Sabaté, 2012.

Toda essa sequência vulcanossedimentar foi metamorfisada na fácies xisto verde durante o fechamento da bacia de deposição, nesta etapa da evolução emergiram os corpos intrusivos sin-tectônicos que provocaram um metamorfismo mais alto nas suas bordas, de fácies anfibolito (Silva 1992).

Estruturalmente, o GBRI se organiza de forma complexa, a diferença de reologia das diversas rochas existentes, associadas às diferentes fases do evento compressivo na bacia, geraram uma sucessão de dobras sinclinais e anticlinais limitadas por zonas de cisalhamento regionais com cinemática sinistral e orientação N-S na porção centro-norte e E-W na porção sul (Faixa Weber). Dois eventos deformacionais principais afetaram a sequência (Alves da Silva 1994, Chauvet et al. 1997):​

  • D1: Cavalgamentos para SE, preservado na porção sul do GBRI;

  • D2: Resultado da progressão de D1 para uma tectônica transcorrente que gera as grandes zonas de cisalhamento N-S sinistrais, posteriores ao alojamento de domos granito-gnáissicos sin-tectônicos (Ruggiero & Oliveira, 2010).

Assim como reconhecido em outros terrenos do tipo Granito-Greenstone, no GBRI as mineralizações de ouro estão associadas a um forte controle estrutural numa tipologia de depósito mesotermal. As zonas de cisalhamento transcorrentes são as principais estruturas que canalizam os fluidos hidrotermais e mineralizam as rochas alteradas e os veios de quartzo associados, fato que guia as atividades prospectivas após mapeamentos e identificação da estrutural do terreno.

IDENTIFICAÇÃO DO POTENCIAL MINERAL

A pesquisa mineral desenvolvida na poligonal do processo ANM 870.860/2021 contemplou ao todo 7 atividades distintas, realizadas ao longo da vigência do alvará de pesquisa, subdivididas de acordo o objetivo central de desenvolvimento técnico do projeto:

 

  • Etapas mais básicas de pesquisa, como revisão bibliográfica, geoprocessamento para confecção de mapas temáticos e reconhecimento geológico local/regional buscaram a Identificação do potencial mineral da área, possibilitando um novo planejamento geral e definição da viabilidade de novos investimentos;

 

  • Avançando para etapas mais específicas de pesquisa exploratória, o objetivo central passou a ser a viabilização de alvos promissores para um projeto de mineração de ouro, contendo então atividades como mapeamento geológico 1:8.000, amostragens de rocha, amostragens de solo e drenagens, abertura de trincheiras e correlação de dados para planejamento exploratório futuro.

LEVANTAMENTO DE DADOS PRÉ-EXISTENTES

Objetivou-se nesta etapa o maior entendimento da geologia regional e local, bem como identificação de informações importantes disponíveis e que otimizassem a evolução dos trabalhos.

Neste sentido, foi desenvolvida uma revisão bibliográfica sobre diversos

trabalhos desenvolvidos na região de estudo, desde artigos científicos e trabalhos acadêmicos até publicações abertas de empresas privadas que desenvolveram pesquisas e estudos diversos no Greenstone Belt do Rio Itapicuru.

Arquivos abertos da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e CPRM (Serviço Geológico do Brasil) forneceram mapas geológicos regionais e informações importantes de levantamentos aerogeofísicos, do histórico mineiro, geocronologia e geologia estrutural, como por exemplo dados do “Programa Levantamentos Geológicos  Básicos do Brasil – Folha SC-24-Y-D Serrinha (CPRM)” e do “Projeto Mapa Metalogenético do estado da Bahia (CBPM)”.

Já artigos científicos e principalmente TCCs (Trabalhos de Conclusão de Curso) realizados com foco nas mineralizações de ouro presentes nas minas de “Maria Preta – C1”, “Alvo M4” e “Trend do Mary”, todos a aproximadamente 8Km da área aqui estudada, esclareceram como se dá a divisão litoestratigráfica da parte central do GBRI e de que maneira estão associadas estruturas de cisalhamento e anomalias de sulfetos com arsênio e com ouro.

DESENVOLVIMENTO DE MAPAS TEMÁTICOS

Foram desenvolvidos diversos mapas da área de estudo com objetivo de inferir informações geológicas e estruturais antes das atividades de campo, identificar as melhores opções de acessos e principalmente otimizar os trabalhos de pesquisa.

Através de Geoprocessamento foram confeccionados mapas de caminhamento, zonas homólogas, drenagens, geológico-estrutural preliminar, programação prospectiva e geofísica aérea de magnetometria regional. Para tanto, além de arquivos shapefile pré-existentes foram utilizadas imagens de satélite “ICONOS” e “ALOS” tratadas em softwares de edição, modelos digitais de terreno da NASA e INPE (ambos com 30m de resolução), SRTM de resolução 15m com iluminação de 4 quadrantes e imagens de satélite do Google Earth (2005 a 2020), esta última apresentando excelente qualidade na região estudada.

Todos os dados espaciais foram tratados e georreferenciados (segundo o datum WGS 1984, zona 24S), no software ArcGIS 10.8.

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Fig 7.  Exemplos de alguns dos mapas temáticos de interpretações prévias utilizados, os quais permitiram melhor planejamento das etapas de campo posteriores.

RECONHECIMENTO DE CAMPO

Como já descrito, a poligonal em foco encontra-se num contexto geológico extremamente favorável a presença de ocorrências de ouro, portanto, além da revisão da geologia regional e mapas gerais, foi necessário um reconhecimento de campo regional para entender o controle mineral das dezenas de garimpos existentes por perto, assim como verificar se os dados de campo estavam coerentes com os observados na bibliografia.

 

Ao todo, foram visitados 19 pontos no reconhecimento regional, distribuídos entre afloramentos e garimpos, também foi verificado dados estratégicos, como identificação de principais superficiários, uso do solo na região, tipo de vegetação e principais redes de drenagens.

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Fig 8.  Mapa de ocorrências e garimpos de ouro na região de influência do P. ANM em foco.

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Foto 2.  Ambas as fotos ilustram alguns dos garimpos de ouro visitados durante reconhecimento de campo regional. Notar espessura de solo argiloso acima da rocha fresca, o que dificulta a identificação de camadas mineralizadas sem uso de escavações.

DEFINIÇÃO DE ALVOS PROMISSORES

MAPEAMENTO GEOLÓGICO-ESTRUTURAL 1:8.000

O mapeamento objetivou identificar os principais litotipos existentes e sua

abrangência superficial, assim como os principais padrões de estruturas e suas influências no contexto das ocorrências auríferas.

 

Ao todo foram catalogados 117 pontos, distribuídos entre “controle” e “principais”, também foram coletadas nesta etapa 46 amostras de rocha (CHIP sample) que serão descritas nos itens que seguem.

Na Figura 9, que representa o mapa geológico desenvolvido, é possível notar que não existe grande complexidade na distribuição das rochas na área, fato explicado pelas pequenas dimensões da poligonal. A seguir serão descritas todas as unidades representadas.

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Fig 9.  Mapa geológico-estrutural da área do processo ANM em foco. Fonte: Arcangeo.

GEOLOGIA LOCAL

Como resultado do mapeamento foram identificadas 2 grandes unidades geológicas na área:

 

  • Unidade Vulcânica Máfica (UVM) – Metabasaltos associados a metacherts

Ocupa aproximadamente 39 Ha da área mapeada e está localizada em toda a parte central e oeste da poligonal seguindo o trend geral N040°, apresenta contato estrutural com a unidade vizinha metassedimentar a leste e contatos indefinidos com os núcleos de chert que ocorrem associados.

Esta unidade é composta por metabasaltos, neste caso encontram-se como rochas esverdeadas claras a escuras, com textura afanítica e composição predominantemente máfica, são raras as amigdalas milimétricas com plagioclásio, mas existem. São rochas foliadas e por vezes fraturadas, podem ocorrer vênulas de quartzo encaixadas na foliação e é frequente a existência de fortes oxidações nos planos de fraturas (óxidos de ferro e manganês principalmente). Sulfetos como pirita podem ser notados disseminados na matriz da rocha, mas estes são mais frequentes em regiões proximais a estruturas de cisalhamento.

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Foto 3.  As fotos exemplificam principal tipo de rocha vulcânica observada na unidade. Na última da direita, notar a presença de oxidação metálica nas fraturas, característica comum nestas rochas. 

Junto aos basaltos ocorrem núcleos de rochas silicosas recristalizadas, foram definidas como cherts ferrosos e estão encaixadas no mesmo trend estrutural geral NE-SW. Os cherts são rochas compostas basicamente por quartzo microcristalino, no caso das faixas delimitadas na área, foi possível notar uma coloração predominantemente cinza a preta e presença de óxidos de ferro, a presença de cristais de quartzo bem formados em espaços abertos centimétricos também é uma característica marcante destas rochas.

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Foto 4.  Ambas as fotos ilustram afloramentos e tipo feições macroscópicas do chert ferroso da UVM. 

  • Unidade Metassedimentar Vulcanoclástica  – Metassedimentos variados

Ocupa aproximadamente 10 Ha da área mapeada, ocorre de norte a sul na lateral leste da poligonal com mesmo trend geral N040°. .

Fazem parte dessa unidade as rochas de natureza sedimentar ricas em sedimentos silicosos, contendo ainda pequenas ocorrências de rochas andesíticas associadas, entretanto as mais predominantes nessa unidade são xistos variados, que podem compor um sericita-quartzo-xisto a um moscovita-sericita-quartzo-xisto. Ocorrem nesta unidade uma grande quantidade de rolados de quartzo variados (brancos, leitosos, esfumaçados) o que leva a interpretação de que estes estão associados a toda unidade e de forma mais intensa próximos a zonas de estruturas geológicas (como falhas e cisalhamentos).

 

Camadas de quartzitos, metarenitos, metandesitos, filitos e cherts também ocorrem na UMV, e talvez essa intercalação variada de litotipos, associada a estruturação que formou a foliação penetrativa nos xistos é que podem ter aumentado o potencial geológico presente. Os itens que seguem trarão mais detalhes acerca da compartimentação estrutural e controle das mineralizações. 

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Foto 5.  Da esquerda para direita: Grande rolado de filito, Rolado de quartzito e Rolado de clorita-quartzo-xisto, sendo esta a rocha predominante na unidade em foco. 

GEOLOGIA ESTRUTURAL

Apesar da pequena dimensão da área mapeada, algumas considerações a respeito da geologia estrutural são extremamente relevantes, já que neste ambiente geológico o controle das mineralizações de ouro se dá principalmente por controle estrutural.

 

  • ZCs (zonas de cisalhamento): Elas ocorrem seguindo o trend geral da área, acompanhando a foliação entre direções N025-045°.

Durante o mapeamento geológico não foi possível visualizar em afloramento o contato entre as unidades, entretanto foi possível inferir devido a correlação de  afloramentos e associação a estruturas em relevo, a presença de cisalhamentos em alguns destes contatos (rever Figura 9) foi assim definida por características típicas de ZCs da região, como: grande quantidade de VQZs + rolados de quartzo, rochas muito foliadas e por vezes presença de halos de alteração hidrotermal.

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Foto 6.  Da esquerda para direita: Amostra de basalto alterado e deformado em ZC, Exemplo de quartzo esfumaçado com presença de óxido de ferro e Quartzo leitoso de veio com presença de pirita. Todas as amostras foram interpretadas como sendo associadas a estruturas geológicas de alto potencial para mineralizações de ouro.

  • Foliação: Foram poucas as medidas confiáveis a respeito da foliação (Sn) das unidades, apenas pontos cadastrados dentro das drenagens, como P44 e P19 permitiram a visualização da direção e mergulho das rochas. As trincheiras também forneceram tais dados.

De maneira geral, a foliação da área ocorre pouco marcada nos basaltos, ao contrário nos metassedimentos, onde é mais penetrativa e de fácil visualização. Nas proximidades do que se chamou de ZCs, ocorrem rolados também muito foliados. O trend identificado encontra as direções N020°-045° como predominantes, tendo o mergulho variando de 65-85° para NW.

  • Falhas e demais estruturas: Lineamentos estruturais em relevo, falhas e fraturamentos foram inferidos ou observados através de dados indiretos de avaliação de modelos digitais de terreno, imagens de satélite, afloramentos e trincheiras. A individualização de cada grupo de estruturas não ocorreu de forma precisa, a exemplo das falhas-fraturas, que foram diferenciadas apenas de acordo o grau de fragmentação das rochas/rolados naquela região.

As estruturas rúpteis não demonstram grande relevância para o controle estrutural das mineralizações de ouro ou para a distribuição das unidades geológicas mapeadas dentro da área em foco.

AMOSTRAGEM DE ROCHA (CHIP SAMPLE)

Amostras de rocha foram coletadas durante o mapeamento geológico realizado, as mesmas foram descritas e catalogadas para alimentar o banco de dados do projeto fornecendo informações importantes para entendimento de quais litotipos são mais promissores para presença de ouro primário.

No total foram 46 amostras coletadas, das quais apenas 20 foram selecionadas pós descrição macroscópica e analisadas pelo método analítico Fire Assay no laboratório “Brastecno” em Belo Horizonte - MG.

A Tabela 01 abaixo ilustra os resultados obtidos e a Figura 10 a localização das mesmas em mapa. Os certificados de análises encontram-se nos anexos.

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Tabela 1.  Dados gerais das amostras de rocha selecionadas e analisadas durante as pesquisas.

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Fig 10.  Mapa de localização das amostragens/resultados de teores de ouro em rocha. Fonte: Arcangeo.

​Os dados das anomalias identificadas levaram a importantes interpretações geológicas, assim como ajudaram nas decisões do planejamento exploratório das amostragens de solo e abertura de trincheiras por exemplo.

AMOSTRAGEM DE SOLO

A identificação de anomalias de ouro no solo é uma das formas de induzir a concentração das pesquisas em alvos mais promissores, isso quando associado as outras informações (de mapeamento e rocha por exemplo). Neste sentido, foram coletadas 58 amostras seguindo planejamento criado a partir dos resultados das etapas descritas anteriormente.

A metodologia utilizada foi a de coleta do solo com profundidade máxima de 20cm quando possível, para tal foi utilizado um “cavador” manual simples. Vale destacar que boas práticas de amostragem sempre eram levadas em consideração, a limpeza das ferramentas por exemplo era realizada após cada coleta, o que evitou contaminações entre as amostras.

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Foto 7.  As fotos ilustram coleta de amostras de solo com 20m de espaçamento. 

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Foto 8.  Da esquerda para direita: processo de concentração de pesados em bateia, realizado com ajuda de garimpeiro da região; Exemplo de concentrado final da amostra SS-4-A e Contagem de pintas na bateia americana, neste caso, também referente a amostra SS-4-A. 

​Cada ponto de coleta teve seus dados de localização e altitude cadastrados, já as amostras foram descritas, pesadas e bateadas para concentração de pesados e contagem de pintas de ouro.

A Tabela 2 ilustra os resultados das amostragens realizadas, já a Figura 11 demonstra a localização de cada ponto. Foi percebida uma correlação entre anomalias de rocha e anomalias em solo, o que corroborou ainda mais com a delimitação dos alvos para adensamento de pesquisas.

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Tabela 2.  Dados gerais das amostras de solo concentradas em bateia para contagem de pintas de ouro.

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Fig 11.  Mapa de localização das amostragens de solo. Fonte: Arcangeo.

AMOSTRAGEM DE DRENAGENS

O estudo de drenagens em áreas muito extensas é fundamental e estratégico para definição de zonas de alto potencial durante projetos exploratórios de ouro, entretanto, apesar de relevante nos estudos do P. ANM em foco, as amostragens nas drenagens da área foram pouco proveitosas em relação ao volume de dados, o que pode ser justificado por: 

  • A rede de drenagem da área é pequena, estando toda ela associada a uma única bacia de captação de sedimentos, não permitindo a diferenciação clara de regiões de potencial mineral aurífero distintos;

  • Todas as drenagens avaliadas demonstraram resultados favoráveis a existência de ouro de aluvião, ou seja, teoricamente toda a poligonal estaria sob influência de uma zona mineralizada.

 

A Figura 12 mostra a localização das amostras coletadas nas drenagens da área.

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Fig 12.  Mapa de localização das amostragens de concentrado de bateia em drenagens da área. Fonte: Arcangeo.

A metodologia usada nesta etapa de pesquisa foi simples: com o uso de ferramentas manuais como cavador, pás e picaretes, amostras de cascalho foram coletadas a uma profundidade que variou entre 25-60cm, abrangendo desde o cascalho mais profundo até o mais raso (junto aos sedimentos de fluxo recente). Essas amostras foram catalogadas e pesadas, para em seguida serem concentradas em bateia para contagem de pintas de ouro, de forma similar as amostragens de solo.

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Foto 9.  Da esquerda para direita: Exemplo de drenagem dentro da área avaliada; Ilustração da coleta da amostra CB- 11 e Resultado da contagem de pintas de ouro da respectiva amostra, com resultado extremamente favoráveis. 

Ao rever a Figura 12, é possível notar que a área apresenta indícios de ouro em toda sua extensão, já que a rede de drenagem “corta” o trend estrutural NE-SW predominante e em toda a bacia de captação é possível notar anomalias positivas.

ABERTURA DE TRINCHEIRAS

Após identificação de algumas anomalias de solo, de rocha e definição das estruturas geológicas de influência na área, foram abertas 2 trincheiras sobre a unidade geológica metassedimentar. As trincheiras objetivaram facilitar a visualização das rochas abaixo do espesso solo argiloso que encobre a área, assim como permitir a coleta de dados estruturais, geológicos e amostras.

 

As trincheiras TR-1 e TR-2 foram abertas próximas a zonas de anomalias positivas das amostras de rocha AM-REM2 e AM1-STLZ-C. Foi utilizado um equipamento de pequeno porte do tipo “retroescavadeira”, as profundidades máximas atingidas chegaram a 2,5m e o comprimento de ambas foi de aproximadamente 40m. Todas foram descritas em perfil, e na TR-1, onde as rochas demonstraram boas características, uma amostragem de canal foi realizada.

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Fig 13.  Mapa de localização das trincheiras abertas no setor leste da área. Fonte: Arcangeo.

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Foto 10.   Da esquerda para direita: Descrição de material retirado da TR-1 e coleta de dados estruturais nos metassedimentos alterados da TR-2.

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Foto 11.   Amostra de canal realizada na TR-2, sem teor de ouro relevante identificado.

IMPORTANTE: As zonas de maior interesse a noroeste e sudoeste da poligonal não tiveram trincheiras abertas, apesar de programadas, devido dificuldade de comunicação com o superficiário na época da execução das atividades, entretanto, as mesmas serão abertas nas próximas fases de pesquisa do projeto. 

CONCLUSÕES
FINAIS

Como explanado ao longo deste relatório, foram executadas diversas atividades de pesquisa mineral na poligonal do processo ANM N° 870.860/2021, as quais resultaram na delimitação de alvos para aprofundamento dos trabalhos em busca de um depósito econômico de minério de ouro. Ao longo do desenvolvimento dos trabalhos foram realizados investimentos em atividades técnicas, relatórios, análises laboratoriais, despesas diversas (como deslocamentos, veicular, mão de obra local e alimentação) dentre outras, resultando na definição de 3 alvos de alto potencial para adensamento das pesquisas.​

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Fig 14.  Mapa dos novos alvos definidos segundo os dados das pesquisas executadas. Fonte: Arcangeo.

A respeito do minério de ouro, a área apresenta um potencial positivo para elevar as diversas ocorrências à condição de depósito e posteriormente à de jazida, fato que pode ser justificado através de diversas observações, como:

  • O contexto geológico regional e local da área são extremante favoráveis a mineralizações auríferas, sejam elas de ouro primário ou de ouro secundário, os diversos garimpos a poucos metros da poligonal corroboram com tal afirmação;

  • A geologia local da poligonal apresenta transições entre unidades metavulcânicas máficas e metassedimentares, além de estruturas geológicas de cisalhamentos com assembleias minerais promissoras (sulfetos, veios/venulações de quartzo, óxidos ferrosos etc);

  • Os resultados obtidos nas etapas de pesquisa provaram a existência de anomalias auríferas muito relevantes em solo, nas drenagens e rochas, as quais permitiram delimitar alvos que devem ser melhor investigados em novas fases de pesquisa mineral.

Todo o conteúdo abordado neste relatório leva a conclusão de que a poligonal do P. ANM 870.860/2021 possui grande potencial mineral para minério de ouro, assim como boas caraterísticas estratégicas para desenvolvimento de um projeto de extração, logo, é justificável a continuidade das pesquisas na área.

NOVAS ETAPAS DE PESQUISA

O principal objetivo da continuidade das pesquisas minerais na área é adensar os dados dentro dos 3 alvos definidos, através deste avanço pretende-se definir a viabilidade econômica de produção da possível reserva existente através da obtenção do volume, geometria e espacialização dos corpos mineralizados, do teor médio de ouro e contaminantes, da rota de beneficiamento e elaboração de plano de aproveitamento econômico (PAE).

Fazem das atividades propostas para continuidade das pesquisas:

FASE 1 - TODOS OS ALVOS

  • NOVAS AMOSTRAGENS: Serão desenvolvidos mais testes de rocha além da caracterização química-mineral para os litotipos mineralizados, haja vista que o ouro primário na área pode estar relacionado a “halos” de alteração hidrotermal ou não, influenciando na associação mineral e teor médio. Estas atividades trarão detalhes importantes para a definição da qualidade química/pureza do minério de ouro e suas características de beneficiamento;

  • GEOQUÍMICA DE SOLO: Novas linhas de amostragem de solo serão realizadas, desta vez focadas nos alvos e com geoquímica associada aos concentrados, desta forma aumentando o grau de confiabilidade dos dados anômalos para posterior planejamento de trincheiras;

  • GEOFÍSICAS TERRESTRES: Aquisições geofísicas serão importantes para investigações mais profundas, espera-se o uso das metodologias de IP (Polarização Induzida) no caso da identificação de halos sulfetados anômalos em ouro e/ou eletrorresistividade no caso de percepção de contrastes resistivos entre as estruturas hospedeiras de ouro e suas encaixantes;

FASE 2 - ALVO "A"

  • ABERTURA DE NOVAS TRINCHEIRAS E POÇOS: Novas trincheiras e/ou poços serão abertos para adensamento de dados de superfície e melhor delimitação das possíveis camadas mineralizadas. Os resultados associados as interpretações geofísicas trarão base para a programação da malha de sondagem rotativa;

FASE 3 - ALVOS "B & C"

  • ABERTURA DE NOVAS TRINCHEIRAS E POÇOS: Idem ao anterior, porém nos alvos B e C;

FASE 4 - TODOS OS ALVOS

  • SONDAGEM ROTATIVA DIAMANTADA: A recuperação de testemunhos será fundamental para comprovação de teores, volume e viabilidade de explotação da jazida, através da cubagem medida e modelamento do depósito. Análises químicas, petrografia e QA/QC fazem parte desta etapa, que será detalhadamente programada de acordo os resultados das etapas anteriores;

  • ROTA DE PROCESSO METALÚRGICO: Serão avaliadas as melhores metodologias de beneficiamento do minério primário, trazendo os melhores modelos de recuperação e purificação do ouro existente na possível jazida a ser trabalhada.

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Fig 15.  Mapa de planejamento exploratório para desenvolvimento técnico dos alvos definidos. Fonte: Arcangeo.

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