Manganês
Campo Formoso - BA
A área do processo de mineração nº 870.997/2021 ocupa 73,36 hectares e está localizada no município de Campo Formoso, Bahia, Brasil.

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LOCALIZAÇÃO E LOGÍSTICA
A área do processo de mineração nº 870.997/2021 cobre 76,36 hectares e está localizada no município de Campo Formoso, Bahia, perto da sede municipal.
A cidade mais próxima é a própria Campo Formoso, localizada a 7 km de distância, sendo 5,5 km em asfalto bem conservado e 1,5 km em estrada de terra, também em boas condições. Campo Formoso está a aproximadamente 410 km de Salvador, Bahia.

Figura 1. Localização Geográfica do Processo ANM Visitado
Fig 1. Geologia local com malha rolante e litologias identificadas.

Fig 2. Mapa das principais rotas de acesso ao local visitado, destacando o distrito de "Missão do Sahy," onde a rota sul começa (apresentando encostas mais suaves no terreno montanhoso).
A região de Campo Formoso oferece uma excelente infraestrutura para apoiar um projeto de mineração. Além da cidade possuir diversas opções de hotéis/pousadas, oficinas especializadas, locação de equipamentos pesados e outros aspectos positivos (como bancos e serviços médicos), a cidade vizinha de Senhor do Bonfim está a apenas 26 km de distância e também oferece opções para atender todas as necessidades de uma operação de mineração de pequena escala.

Figura 3. As imagens ilustram as rotas de acesso à área visitada, consistindo em estradas rurais de terra em boas condições e terreno montanhoso.
CONTEXTUALIZAÇÃO GEOLÓGICA E POTENCIAL MINERAL REGIONAL
O local de mineração visitado está situado no Lineamento Contendas-Jacobina-Mirante, na parte central do Cráton do São Francisco. A formação deste lineamento, caracterizado por um relevo montanhoso que se estende por 500 km na direção NNE-SSW, está associada à sobreposição tectônica do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá sobre o Bloco Jequié, ambos assentados sobre o Bloco Gavião.
Essa origem geotectônica resultou em inúmeros eventos deformacionais que alteraram rochas, criaram estruturas geológicas e possibilitaram diversas ocorrências/depósitos minerais. Esse é o contexto regional da chamada "Serra de Jacobina". Como resultado, todo o terreno geográfico que circunda essa zona montanhosa exibe condições favoráveis para a fertilidade mineral.

Fig 4. Geologia regional da área em foco pelo processo da ANM. Observe que a influência geológica predominante na região visitada é a Formação Cruz das Almas, que pertence ao Grupo Jacobina.
As principais rochas presentes na região visitada que influenciam sua geologia são da Formação Cruz das Almas (composta por metavulcanitos, arenitos, quartzitos e xistos) e da Formação Missão do Sahy (Metachert, formação manganífera, BIFs e filitos).
A extração mineral é comum na região, com algumas cidades possuindo mais de 10 décadas de atividade em mineração e prospecção, como mineração de ouro e quartzo em Jacobina, pedras preciosas em Pindobaçu, cromo e calcário em Campo Formoso, manganês em Senhor do Bonfim e quartzito em Jaguarari. Nesse sentido, os arredores da área visitada são marcados por um alto potencial mineral para diversos tipos de substâncias, conforme exemplificado abaixo, o que é de grande relevância para as observações técnicas que serão descritas neste relatório.

Fig 5. Mapa das ocorrências minerais, com destaque em amarelo detalhando a região da área visitada.
OCORRÊNCIAS REGIONAIS DE MANGANÊS
No contexto da Serra de Jacobina, que inclui os arredores de Campo Formoso e Senhor do Bonfim, a metalogênese do manganês é similar: essa substância foi concentrada por processos hidrotermais ao longo de estruturas de cisalhamento, uma origem que indica uma característica para a qualidade do minério em geral: alta frequência de outros metais associados ao manganês, como ferro e cobre. No entanto, dentro de zonas de alta deformação da camada mineralizada, é geralmente possível observar boudins com manganês maciço de alta pureza.

Fig 6. Exemplo de uma zona mineralizada de manganês na região. Em VERMELHO: Zona com contaminação de Ferro. Em AZUL: Zona rica em manganês maciço.
OCORRÊNCIAS REGIONAIS DE OURO E OUTROS METAIS
No entanto, dentro das zonas de alta deformação da camada mineralizada, é possível observar boudins com manganês maciço de alta pureza. Algumas das ocorrências metálicas mais famosas na Serra de Jacobina são os depósitos de minério de ouro, que são mais frequentes principalmente da cidade de Pindobaçu ao sul da serra (em direção a Miguel Calmon), onde metaconglomerados e quartzitos alterados por atividade hidrotermal abrigam a maioria das minas e locais de prospecção de ouro.
O setor norte da Serra de Jacobina, onde o processo da ANM visitado está localizado, próximo a Campo Formoso, não possui histórico de prospecção ou extração de ouro. No entanto, o contexto geológico e as estruturas observadas em campo sugerem a possibilidade de anomalias positivas, uma vez que os mesmos processos geológicos de alteração de fluidos e reconcentração de elementos ocorreram nas rochas presentes ali. A existência de depósitos de cromo e ocorrências de cobre a menos de 7 km da área, dentro do mesmo contexto geológico, também apoiam a hipótese de um potencial regional positivo para outros elementos metálicos na área.
EXTRAÇÃO DE QUARTZITOS – PEDREIRAS EM OPERAÇÃO
Nas últimas duas décadas, a Serra de Jacobina foi extensivamente explorada para extração de pedras ornamentais, especificamente quartzito.
Uma das características geológicas mais notáveis das rochas nesta serra é a concentração de fucsita nos quartzitos e conglomerados das Formações Serra do Córrego, Rio do Ouro e Cruz das Almas, que confere às rochas uma coloração esverdeada e agrega maior valor ao material extraído. A topografia local permite depósitos de grande volume para abertura de pedreiras, e a localização centro-norte no estado da Bahia favorece a logística de transporte desses materiais para outras regiões, como o Espírito Santo.
O processo da ANM visitado inclui rochas dessa natureza, que podem apresentar viabilidade para um projeto de extração de quartzito. As cidades de Jaguarari, Campo Formoso, Senhor do Bonfim e Pindobaçu são exemplos de produtores de blocos e estão localizadas próximas à região avaliada.
GEOLOGIA LOCAL
As atividades de campo permitiram a definição de 3 principais compartimentos geológicos dentro do processo visitado, que não são definidos aqui como Formações ou unidades individuais, mas sim como zoneamentos de potenciais minerais distintos, facilitando a interpretação e o planejamento para a utilização de possíveis substâncias/minérios na área.
ZONA DE METASEDIMENTOS COM MANGANÊS
Esta zona abrange o setor sul do polígono e concentra as principais ocorrências de manganês na área, com antigos locais de prospecção e diversos afloramentos enriquecidos no metal.
Conforme mencionado no capítulo acima, as concentrações de manganês na Serra de Jacobina estão associadas a estruturas geológicas que alteraram as rochas e canalizaram fluidos enriquecidos com sílica, manganês, ferro e outros metais. A mesma tipologia foi observada nas ocorrências catalogadas na área: metasedimentos finos, como filitos e arenitos arcosianos oxidados, cisalhados, com a presença de veios/veios de quartzo e muitos óxidos de manganês e ferro precipitados em bolsões e/ou planos de fraturas dentro da rocha, sendo a pirolusita e a psilomelana os principais minerais de minério presentes.
Além dessa tipologia primária, também existem concentrações supergênicas de manganês acima das camadas enriquecidas devido a processos superficiais. Este material, embora de boa concentração, possui menor volume.
A zona de metasedimentos com manganês não limita a ocorrência do metal a esta região, mas sim demonstra a área dentro do polígono com as melhores características de zonas de cisalhamento de alta deformação contendo minério de manganês. É nesta zona que novos estudos exploratórios sobre este minério devem ser focados.

"Old excavation at point P26."

"Boulders of ore associated with supergene enrichment in soil."

Example of a block of massive ore with few contaminants.

"Old excavation at point P26."

"Outcrop of in situ ore N000° (N-S) at point P3."

"Showing details of iron oxide contamination in the material, a common characteristic of manganese in the region."

"Showing details of iron oxide contamination in the material, a common characteristic of manganese in the region."

"Outcrop of in situ ore N000° (N-S) at point P3."
ZONA DE METARENITOS E QUARTZITOS
Esta zona é limitada ao sul por metassedimentos manganesíferos e ao norte por rochas do embasamento cristalino, ocupando assim toda a região central do processo de mineração.
A zona de metarenitos e quartzitos compreende uma grande variedade de rochas siliciclásticas; no entanto, predominam metarenitos ferruginosos (oxidado), metarenitos brancos e vários quartzitos (de cores claras, esverdeados e acinzentados).
Além dessas rochas, grandes veios de quartzo são notáveis, juntamente com sistemas de falhas, brechas, fraturas e zonas de cisalhamento, que podem conter diversas mineralizações, como manganês, ouro e outros metais.

Outcrop of dark gray quartzite at point P4

Large white quartz vein identified near the ANM point at point P29

Example of very fine-grained, heavily fractured oxidized metarenite at point P9

Outcrop of dark gray quartzite at point P4
A compartimentação dessa zona ocorre ao longo de camadas rochosas mergulhando abruptamente para o leste, com a orientação das camadas seguindo a tendência da Serra de Jacobina, e a foliação entre N060° e N350°. As regiões de contato, onde diferentes litotipos se encontram, estão tipicamente associadas a estruturas que alteram a composição química e as características físicas da rocha. Por essa razão, na zona de contato norte com rochas do embasamento cristalino, por exemplo, foram observadas alterações como sericitização, formação de caulim e outros metassedimentos completamente alterados.
A zona de metarenitos e quartzitos, portanto, apresenta um potencial positivo para:
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Identificação de várias ocorrências metálicas;
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Identificação de veios de quartzo de alta pureza;
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Identificação de massas rochosas para extração de blocos de quartzito;
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Identificação de outras substâncias não metálicas associadas a estruturas geológicas dúcteis e rúpteis.

Figura 7. Afloramento de metassedimentos em uma zona de contato entre unidades geológicas, com rochas cisalhadas, alteradas e deformadas, incluindo a presença de veios de quartzo e óxidos de ferro—características positivas para a identificação de metais como ouro. Ponto P4.
POTENCIAL MINERAL ANTERIOR E EXTRAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS IDENTIFICADAS
De acordo com os dados preliminares obtidos, dados de campo e informações históricas de mineração, foi possível determinar que as regiões central e sul do polígono visitado são as de maior interesse a curto prazo para o avanço de diversas atividades de exploração mineral, pois essas áreas hospedam as principais ocorrências de minério de manganês, quartzitos e outras possíveis substâncias, conforme já descrito acima.
Com base nessas informações, são feitas as seguintes interpretações para cada possibilidade mineral:
MINÉRIO DE MANGANÊS
Apresenta potencial mineral positivo e muito promissor; no entanto, algumas características do minério existente devem ser consideradas antes de determinar a viabilidade de sua extração, tais como:
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Qualidade química do minério: Embora as amostras aparentem ter poucas impurezas, como óxido de ferro e sílica, a associação hidrotermal deste metal leva à possibilidade de contaminação, conforme descrito no item 2.1. É necessária uma caracterização química mais representativa do depósito além das amostras CHIP já coletadas em etapas anteriores.
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Volume e relação estéril/minério: O processo de mineração visitado, no setor sul, onde ocorre o minério de manganês, é estreito, cerca de 120 m, o que impede que outros afloramentos promissores sejam incluídos no cálculo da reserva do depósito. Além dessas informações, há também a relação estéril/minério, que varia significativamente nos pontos visitados e pode influenciar no cálculo do volume de minério recuperável. Nesse sentido, são necessárias mais etapas de pesquisa, que serão descritas e sugeridas.

Figura 8. Exemplo de uma amostra de minério de manganês de alta qualidade obtida na área visitada, mas ainda com a presença de impurezas, como sílica (cores amareladas).
De uma perspectiva estratégica, o minério de manganês está localizado em uma área com características favoráveis para o fornecimento de água e energia, acesso e transporte de minério (inclusive via ferroviária, com a FCA – Ferrovia Centro Atlântica presente em Campo Formoso). Além disso, segundo o Sr. José Raimundo (guia durante a visita de campo), o principal proprietário da superfície está de acordo com o avanço das atividades de pesquisa e extração.
QUARTZITO
Apresenta potencial positivo devido à alta probabilidade de volume significativo em diferentes locais, bem como às características superficiais de alguns afloramentos encontrados, como o ponto P30, que representa uma microrregião com presença de quartzito verde (atualmente em alta demanda no mercado de pedras ornamentais).
Apesar dessas características positivas, ao considerar a ideia de produzir blocos desse material, é necessário levar em conta a presença constante de estruturas frágeis (fraturas e falhas) que podem comprometer a extração nas pedreiras e a abertura de cavas, observadas em muitos dos afloramentos visitados.

Figura 9. Ilustração de várias amostras de quartzito de diferentes afloramentos na área visitada.
De uma perspectiva estratégica, o acesso para transporte de produção, dependendo da localização dentro da área, seria via uma estrada secundária ao sul, através de rotas que levam ao distrito de "Missão do Sahy", devido às encostas íngremes das estradas que seguem para o norte em direção a Campo Formoso. Além desse aspecto, a área apresenta justificativas técnicas para um maior desenvolvimento e investimento em novas fases de pesquisa para essa substância.
OUTROS METAIS E SUBSTÂNCIAS MINERAIS
Conforme explicado nas seções acima, o contexto geológico local permite a possibilidade de mineralização de outros metais nas rochas e estruturas geológicas. Por exemplo, amostras foram coletadas de uma zona brechada com precipitação de manganês no ponto PXX, que, além deste material, inclui evidências de atividade hidrotermal—características muito promissoras para a identificação de elementos voláteis, sulfetos e outros metais base, por exemplo.

Figura 10. É possível ver em detalhes os fragmentos angulares de metarenito branco, veios de quartzo e óxidos associados.
A própria Serra de Jacobina denota um potencial metalogenético significativo, permitindo a identificação de uma ampla variedade de substâncias minerais em estágios de pesquisa mais detalhados. No caso da área em foco, há, por exemplo, uma possibilidade, embora pequena, de quartzo, ouro e cromo.
AMOSTRAGEM DE ROCHAS
Durante a visita de campo, 8 amostras foram coletadas, subdivididas de acordo com o objetivo de cada uma, com base no princípio de uma descrição mais detalhada no escritório, com catalogação para envio ao laboratório e testes químicos específicos no caso de minério de manganês e outras rochas específicas, bem como testes de polimento para verificar a qualidade estética dos quartzitos.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Os capítulos anteriores indicam claramente a existência de um potencial mineral prévio positivo para minério de manganês e quartzito. Assim, os cenários descritos abaixo abrangem atividades de pesquisa projetadas para avançar o trabalho em ambas as possibilidades.
MINÉRIO DE MANGANÊS
Devido às características geológicas do tipo de depósito, conforme mencionado no item 6, recomenda-se que sejam realizadas etapas complementares de pesquisa para uma avaliação mais detalhada do volume, profundidade, ocorrência superficial e qualidade química do mineral. Para alcançar isso, espera-se, além de um mapeamento detalhado das rochas e estruturas na região, o desenvolvimento de amostragens e, no mínimo, aquisições/modelagem geofísica.
ROCHA ORNAMENTAL - QUARTZITOS
A zona de arenito e quartzito inclui boas ocorrências e afloramentos de quartzitos com forte potencial para avanço de pesquisa, que deve se concentrar na espacialização superficial das rochas e, principalmente, na caracterização estrutural dos maciços. O mapeamento detalhado deve ser utilizado para identificar os comportamentos das principais famílias de fraturas e falhas que poderiam comprometer a potencial extração de blocos nas pedreiras.
OUTRAS OCORRÊNCIAS
Devido ao potencial positivo da região para a presença de várias substâncias, é necessário um levantamento mais detalhado de toda a área, o que permitirá determinar a viabilidade de avançar para etapas mais específicas para outros tipos de minério, como os mencionados anteriormente.
CONCLUSÕES FINAIS
SOBRE A GEOLOGIA, conclui-se que:
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A área de estudo está localizada em uma região com ocorrências de rochas metassedimentares e estruturas geológicas de alto potencial mineral do Grupo Jacobina, predominantemente consistindo de quartzitos, metarenitos e rochas alteradas por hidrotermalismo.
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A geologia da área é favorável para a identificação de diferentes substâncias e minérios.
SOBRE O POTENCIAL MINERAL ATUAL, conclui-se que:
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Com os dados de reconhecimento, foi possível definir 3 zonas de potenciais minerais distintos, sendo o setor sul de maior interesse devido às grandes ocorrências de minério de manganês. As outras duas zonas são secundárias em termos de potencial mineral, mas ainda podem indicar a existência de substâncias economicamente viáveis (como quartzitos).
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Apesar de serem promissoras, especialmente para manganês, o potencial mineral real do processo da ANM visitado será definido após o avanço das atividades propostas nas Tabelas 3, 4 e 5 e a apresentação dos resultados, onde a melhor estratégia para continuidade, produção ou interrupção dos projetos será determinada.
SOBRE OS PONTOS ESTRATÉGICOS, é importante destacar que:
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A logística para o transporte de um possível bloco e/ou extração de ouro deve ser bem planejada, mas inicialmente apresenta boas condições de desenvolvimento.
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A presença da FCA – Ferrovia Centro Atlântica, a 8 km de distância, facilita o projeto de uma logística de transporte em larga escala para o minério de manganês. No entanto, se essa não for uma opção viável, o transporte por rodovias até o porto mais próximo (Aratu – 390 km) também é plausível.
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A área está próxima a uma fonte de energia, enquanto a água deve ser obtida das áreas circundantes, sem maiores dificuldades.